quinta-feira, 6 de setembro de 2012

Partir...




Hoje, com meus 26 anos, há 8 morando sozinha, tive a sensação de ter voltado no tempo. Naquele ônibus que deixava a pequena cidade de São Gabriel, RS, em direção ao Mundo. Mundo sim! Meus sonhos sempre foram grandes demais para caber em uma casa ou em uma cidade. Lembrei do frio na barriga, do esperado momento de partir... lembro que naquele dia e por meses antes eu insistia que não haveria problemas na  ‘interiorana’ aqui, viver a mil km da casa dos país. Eu queria ser forte, eu dizia que era forte eu demonstrava força. Só que quando o motor roncou e o ônibus deixou a estação, chorei como uma menina. Menina que era, ou que sou! Ao longo do tempo foram muitas as partidas. De casas, de amizades, de trabalhos, de ensaios... sempre tive a sensação de estar de partida na vida, de que minha função não era ficar em lugar algum ou na vida de ninguém. Que eu faria minha parte e partiria em busca de novos sonhos, desafios, montanhas ou mares a serem descobertos... No fundo só queria conhecer o infinito que se escondia bem perto, dentro de mim...E hoje, depois de me encontrar finalmente, já não ouço tão alto a ânsia de partir para fora...mesmo assim, essa palavra me soa doce e como gosto de saborea-la. Amanhã parto novamente e pareço mais uma criança a se lambuzar do pirulito mais colorido da terra. Aquele que ninguém provou... é meu, o pirulito, o doce, o sonho, é todo meu... ninguém poderá saber como bate meu coração, como meu sangue circula, qual a ansiedade das duas últimas semanas, das noites que não dormi, da cara de boba ao arrumar a mochila, da vontade que desse tudo certo. Mas afinal, o que é dar certo ou errado se na vida o que se tem são apenas experiências... pouco me importa se verei todos os templos, se comerei todas as saborosas comidas ou se conseguirei pegar o trem... só de colocar o pé na estrada, só de enfrentar meu medo, meu comodismo, minhas angústias, apenas o ato de partir já me transformou, já me fez crescer, já me ensinou... eu entendo que crescer é uma experiência interna, mas entendo também que muitos tijolos de nossa acrópole interior foram levantados sob duras experiências externas. Estou colocando mais um tijolo hoje, um tijolo conquistado, imaginado, suado, como tudo que de fato vale a pena nessa vida... Parto e meu coração está em chamas, volto e ele continuará a arder, porque indiferente onde se esteja, ainda existirá caminho...não é preciso ir longe para encontrar o desconhecido, todos os dias descubro uma nova pessoa aqui e partir para conhecer a si mesmo, não deixa de ser partir... 

"Eu me sinto um estrangeiro, passageiro de algum trem, que não passa por aqui, que não passa de ilusão"...



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