terça-feira, 22 de maio de 2012

Para rir: Perdidas em Santa Cruz



E esse era o quarto na manhã do dia seguinte :O

Você já ouviu falar da Lei de Murphy não é mesmo? Pois bem, na madrugada do dia 19 de dezembro de 2010 ela incidiu pra valer sobre a Eleonora e eu. Pegamos o avião em Cuiabá e 1 hora da manhã estávamos chegando em Santa Cruz de La Sierra. Até então, essa seria a parte fácil da viagem. Bastava pegar um taxi e ir até o kitnet de um amigo que morava ao lado de uma universidade de medicina (detalhe, ele estava no Brasil).

Entramos no país com nossas mochilas nas costas e pegamos um taxi, foi só dizer o nome da universidade e pronto. Ao chegar lá, a primeira besteira... misturei os dólares e soles e acabei dando 20 dólares, em vez de 20 soles ao motorista que eu nunca vi tão feliz. Só percebi o engano quando ele já tinha ido embora, foi quando entendi a simpatia toda.

Enfim, começamos a andar e perguntei a Lelê...
- Amiga cadê o mapa e o endereço?
- Uai eu não peguei, você não tinha copiado ele?

Ai vocês já perceberam o desastre. Sem telefone, com fome, em um lugar totalmente ermo, sem ter a menor noção do que fazer. Além de tudo, as meninas chegavam de madrugada e não teríamos como falar com elas. Pronto, lá fomos nos andar pela Bolívia. Voltas e voltas na quadra escura da universidade e pior. Uns 10 taxistas ‘mal encarados’ só olhando a gente.

Morrendoooo de medo, fomos parar dentro do ambulatório do hospital da universidade, que por sinal, dava mais medo ainda. Deixamos as mochilas e saímos tentar usar o orelhão, coisa que não deu certo, afinal ninguém sabia ligar para casa. Por fim, tivemos de recorrer a um dos taxistas que prontamente emprestou o celular (viu o que dá julgar as pessoas?)

Lelê ligou para a mãe dela para pedir a ela que ligasse ao irmão da Lelê – que estava em Porto Alegre – e pedisse o endereço da kit, já que ele já tinha ficado lá. (entendeu alguma coisa?). Em meio a confusão, chega um senhor bêbado de taxi dizendo: olá chicas e o taxista todo arreganhado. E não é que ele era o dono da Kitnet... Por fim, conseguimos chegar ao quarto. Mesmo mortas ficamos revezando a janela até as outras duas meninas chegarem. Elas chegaram 4h30 da manhã, sem nenhum problema, afinal tinham o mapa nas mãos.

E esse foi o começo de uma longaaaaa aventura....

segunda-feira, 21 de maio de 2012

Mochilão Bolívia e Peru – Parte II - Roteiro


Visualizar Mochilão Bolívia e Peru em um mapa maior


Uma das partes fundamentais de um bom planejamento é definir o roteiro da viagem. Não é preciso saber todos os lugares, museus ou pontos históricos e naturais que se vai visitar, mas é preciso ter em mente um mapa das principais cidades. Aquelas onde se vai dormir pelo menos uma noite, ou que são pontos importantes de passagem.

Definir o roteiro não é muito fácil e depende do tempo que se tem disponível para viajar. Uma boa dica é não colocar lugares demais nesse mapa, já que você vai perder um certo tempo arrumando algum lugar para dormir, comer ou vendo os passeios, então, se tiver só um dia, por exemplo, em algum lugar, é provável que não se conheça muita coisa.

No nosso caso, eram 23 dias da saída de Cuiabá até o retorno. Assim definimos as cidades principais: Santa Cruz, Sucre, Potosi, Uyuni (Salar), Chile (Deserto do Atacama), La Paz, Copacabana, Puno (Titicaca) e Cuzco (Águas Calientes e Machu Picchu). Vocês devem ter notado que no trajeto final da foto, não está o Chile (explico o motivo trágico em breve).

Duas de nós foram de ônibus de Cuiabá a Cáceres (região da fronteira) e depois até Santa Cruz. Uma viagem bastante sofrida, diga-se de passagem. Uma amiga e eu, decidimos por ir de avião até Mato Grosso do Sul e depois até Santa Cruz, na época a passagem custou cerca de R$500. (Detalhe: a gente se perdeu... leiam)

Pois bem, não foi difícil seguir o roteiro original. Além disso, durante a viagem percebemos que essa foi a melhor escolha e é quase que o caminho que a maioria dos mochileiros faz, na mesma ordem ou na ordem inversa (Como no Peru tudo é mais caro, é importante não gastar demais na Bolívia para não chegar lá apertado). Apenas não havíamos definido por onde voltaríamos.

O retorno pelo Acre teve dois motivos distintos. Primeiro pelo fato de que a Bolívia estava em crise já que o combustível estava com o preço nas alturas. La Paz estava praticamente parada, ônibus, taxistas e até os postos de combustíveis em greve. As forças armadas também trabalhavam para conter os ânimos da multidão. Pelo perigo do momento e por também não fazer tanta diferença assim, optamos pelo Acre. Compramos as passagens de Rio Branco a Cuiabá pela internet (cerca de R$270).

Saímos de Cuzco de ônibus até Puerto Maldonado, tivemos de pegar aqueles moto-táxi adaptados para três pessoas (veja a foto), de lá subimos em uma balsa, da balsa pegamos um taxi até a fronteira (muito barato, acho que uns 25 soles). Já em solo brasileiro (motivo de comemorações mil) pegamos outro taxi (muito mais caro é lógico) até a rodoviária de Rio Branco.

Chegamos em Rio Branco a tempo de comer uma pizza e conhecer o centro da cidade. De lá para Cuiabá foram cerca de 35 horas de viagem. No cansaço que a gente estava, eu nem vi a hora passar, dormi quase todo o trajeto. Acho que foi uma boa escolha! 


Santa Cruz
Santa Cruz

Puerto Maldonado
Balsa

Entrada na balsa
O que ficou para trás

Chegando no Acre



domingo, 20 de maio de 2012

Mochilão Bolívia e Peru – Parte I - Planejamento


Caminho para a Feira de Tarabuco - Bolívia

Embora não faltem pacotes de viagens por ai, o que a maioria das pessoas quer fazer, pelo menos uma vez na vida, é um mochilão. Colocar a mochila nas costas e sair sem rumo em busca do inesperado é realmente delicioso. Só que, mesmo quando se trata de um mochilão, vários cuidados são necessários.

Em setembro de 2010, Ana Paula, Eleonora, Suelen e eu cogitamos uma viagem para a Bolívia, Chile e Peru. A vontade de viajar todas já tínhamos, mas várias dúvidas cercavam a nossa decisão. A primeira delas foi a segurança, já que seríamos 4 meninas sozinhas em terras desconhecidas. Como convencer os pais? Como garantir que nada sairia errado?

Bem, diante dos questionamentos fomos buscar mais informações sobre o nosso destino e, aos poucos, o medo cedeu espaço a uma ansiedade incurável, afinal ninguém ali estava disposta a desistir. Verificamos que a melhor saída nesse caso era ficarmos sempre juntas ou pelo menos de duas a duas. Mais tarde, já durante a viagem encontramos muitas meninas viajando sozinhas e percebemos que, na verdade, os cuidados que precisávamos tomar eram os mesmos que em qualquer outra viagem.

Assim começamos a fazer nossas listas de atividades pré-mochilão. A lista inicial continha 15 itens: Vacinas, carteira de estudante, permissão de entrada, roteiro, impermeabilizante para tênis, lanterna de led, travesseiro para pescoço, toalha absorvente, saco de dormir, boné, cajado, óculos de sol, roupas a prova d’água (rs), dólares e money balt.

Olhando agora para trás, não tem como não deixar de rir, alguns itens ai são bem coisa de mulher! Bem, de todos esses detalhes o primeiro que buscamos resolver foi a questão da VACINA. A vacina de febre amarela é obrigatória. Você precisa ir ao posto de saúde para aplicar a dose e depois ir até a ANVISA para validar uma carteirinha que comprova que você tomou. Mais do que uma obrigação, a vacina é sinônimo de segurança, já que tanto na Bolívia como no Peru, o saneamento básico é precário e estamos sujeitos a todo tipo de doenças.

Outros itens importantes 

Identidade – para viajar pelos países do Mercosul não é necessário mais do que a identidade, no entanto essa identidade precisa ter no máximo 10 anos. Se a sua foto estiver desatualizada, ou você tenha mudado muito nos últimos anos é recomendável que faça uma nova identidade;

Receita médica – Todos os medicamentos levados na mochila, mesmo aqueles simples de dor de cabeça ou estômago precisam ter receita médica. Muitas vezes não será cobrado, mas por via das dúvidas, se for um remédio importante é melhor que tenha receita;

No próximo post falarei sobre os itens obrigatórios para se ter na mochila e sobre as carteirinhas internacionais.... o/

Viaje!


Salar do Uyuni

“Um homem precisa viajar. Por sua conta, não por meio de histórias, imagens, livros ou TV. Precisa viajar por si, com seus olhos e pés, para entender o que é seu. Para um dia plantar as suas próprias árvores e dar-lhes valor. Conhecer o frio para desfrutar o calor. E o oposto. Sentir a distância e o desabrigo para estar bem sob o próprio teto. Um homem precisa viajar para lugares que não conhece para quebrar essa arrogância que nos faz ver o mundo como o imaginamos, e não simplesmente como é ou pode ser. Que nos faz professores e doutores do que não vimos, quando deveríamos ser alunos, e simplesmente ir ver”
Amyr Klink

Faço minhas as palavras de Amyr Klink… Viajar amplia nossos horizontes, nos faz mais flexíveis as situações difíceis, nos faz mais humanos...

Acredito de fato que cada viagem é uma experiência particular... só aquele que está no caminho sabe o que de fato lhe toca, emociona, lhe faz vibrar... Hoje, depois de sair do meu cômodo canto algumas vezes, chego a conclusão que o melhor da viagem não é nem de longe o ponto de chegada e sim todas as incríveis aventuras solitárias ou não até chegar lá. Lembro com mais carinho das conversas em ônibus lotados, dos perigos da noite, das andanças nas ruas, do cheiro das feiras, das conversas sem pretensão e dos olhares curiosos  do que propriamente dos cartões postais.

Por isso, não viaje para conhecer algo, mas para se ver diante das tantas possibilidades. Se olhar, ver como você reage, ver como se angustia ou como se alegra... Tenha o prazer das amizades rápidas de encontros inusitados, fale com estranhos – eles são ótimos. Ouse falar francês, inglês, japonês, italiano, fale...mesmo que errado, mesmo que seja incompreendido, arrisque-se. Se até estão você tinha medo ou vergonha, decida que a partir de agora você é livre para falar o que quiser, é livre para se aproximar de quem quiser... Quem viaja tem a mente aberta e vai buscar se comunicar também, se não por palavras, mas por gestos, por toques, por olhares... busque ampliar os sentidos e se torne de alguma forma melhor.

LEMBRE-SE: A mente que se abre a uma nova ideia jamais voltará ao seu tamanho original.
Albert Einstein